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A pandemia causada pela Covid-19 trouxe impactos em diversos sistemas e deve transformar os ciclos de produção e consumo em setores como a moda. É o que aponta uma das mais influentes analistas de tendências no mundo, Li Edelkoort.
Em entrevista à Dezeen (leia aqui), a pesquisadora indicou que o período de recolhimento das pessoas em casa para diminuir a propagação do vírus dá espaço para uma "quarentena de consumo". Essa teria consequências na cultura e na economia, e faz com que as pessoas transformem hábitos.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Site Lidewij Edelkoort (reprodução)
- Parece que estamos entrando maciçamente em uma quarentena de consumo, onde aprenderemos a ser felizes apenas com um vestido simples, redescobrindo os velhos favoritos que possuímos, lendo um livro esquecido e preparando uma tempestade para tornar a vida bonita - disse à Dezeen.
Na entrevista, Li Edelkoort aponta sobre repensar e alterar os valores de consumo e seus excessos em vários setores.
- Não há como continuar produzindo tantos bens e muitas opções com as quais nos acostumamos. A massa debilitante de informações sobre nada entorpeceu nossa cultura. Há uma crescente conscientização entre as gerações mais jovens de que a propriedade e o estoque de roupas e carros não são mais atraentes - comentou a trend hunter ao site.
SETOR NO COMBATE AO COVID-19
A indústria da moda foi um dos setores influenciados pela, nas palavras de Li, "crise de ruptura". Segundo a especialista, principalmente as marcas de luxo sofreram impacto. No decorrer das semanas, os desfiles de moda de alta costura foram cancelados e empreendimentos voltam-se às estratégias diante da pandemia. Neste momento, também surgem ações positivas no combate a Covid-19.
A Ralph Lauren através da fundação Ralph Lauren Corporate Foundation, doou 10 milhões de dólares para auxiliar na contenção do coronavírus nos Estados Unidos. Já a Gucci criou uma plataforma com duas campanhas de financiamento coletivo (acesse aqui). Ela também fez doações para a Defesa Civil da Itália e para o Fundo de Resposta de Solidariedade que apoia à Organização Mundial da Saúde (OMS), com 1 milhão de euros para cada.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: GUCCI (reprodução/Instagram Gucci)
No Brasil, a Arezzo&Co anunciou a produção de 25 mil máscaras de proteção, que serão distribuídas em Campo Bom, Novo Hamburgo e pela Secretaria de Saúde do Estado do RS. A Vivara doou 10 mil kits de higiene pessoal à Cruz Vermelha, que fará a entrega em comunidades do Rio de Janeiro e em São Paulo.
O engajamento cresce no meio da moda. No mês de março outras marcas utilizaram as fábricas para produzir itens necessários para a prevenção e anunciaram contribuições financeiras e de materiais de higiene. Atos de união e comprometimento com a saúde e bem estar coletivo se espalham pelo mundo.
Depois de tantos bons exemplos, espero que o futuro da moda seja de comprometimento. Tenho esperança de que a indústria fashion em geral repense as lógicas de produção. Afinal, como Li Edelkoort comentou: "e é aqui que eu espero: outro sistema melhor a ser implementado, com mais respeito pelo trabalho e pelas condições humanas", e acrescentou: respeito também com o meio ambiente.
REAVALIE SEUS HÁBITOS
O momento é de olharmos para as formas de produção na moda e mudarmos nossos hábitos. Trata-se de compreender como consumimos para alterar o nosso estilo de vida.
Você já pode começar a fazer a diferença através de atos simples no período de quarentena, como organizar o guarda-roupa. Retire peças que não usou nos últimos anos, que não combinam mais com seu estilo ou que não servem.
Faça doações das peças excedentes e explore as opções que manteve. E na hora de comprar roupas, adquira de maneira responsável e consciente sobre o produto. Reveja o consumo de maneira mais slow e sustentável.
Da produção ao consumo, todos e todas podemos nos comprometer com uma mudança no ciclo da moda. Um recomeço com conhecimento e sem exploração.